MAIS CENAS

Mas os Kalekela
sabiam mesmo que os jemeias estavam no Kahumbi e apanhavam jovens. Só que vieram em pleno coloque ou
casamento tradicional de um jovem do bairro e uma jovem do Casequel. O jovem,
por sinal era amigo do comandante Mário, que dirigia a rusga. Também com a
vinda do Avô Enviado na área, o povo ficou sossegado e não temeu a presença das
tropas Jemeias. Os próprios jemeias também conheciam muito bem os Kalekela e
habituavam com o que os Kalekela faziam. Por isso não houve rusga. Mas Avô
Enviado não gostou da notícia que escutou na classe do Kahumbi. Soube que o
cabrito que era do Kalekela foi comido pelos Jemeias e que os homens que
agarraram o cabrito eram Marcos e Maloi. Avô ficou muito zangado e ameaçou os
tais com um castigo. A notícia da ira do Avô se espalhou por todo bairro e
congregou responsáveis do bairro com dois secretários do partido do jemeias, os
senhores Bernardo Kizoje e Chiquito conhecido como Sete. Eles chegaram onde
estavam Avô Enviado, os anciãos e os Kalekela. Kizoji tomou a palavra, e disse:
“Meu e nosso pai Avô Enviado. Queridos anciãos da Igreja e irmãos Kalekela.
Irmãs e irmãos. Nós, como responsáveis do bairro e secretários do nosso glorioso
partido, viemos ter com Avô Enviado para expormos as nossas queixas ao nosso
pai. Ouvimos tudo o que o pai nos disse, não porque ouvimos dele, mas porque
contaram para; nós disseram-nos que o pai ficou irado com o nosso partido e
conosco. Prometeu castigo e derrota das nossas FALA. Forças armadas que
libertam Angola, só porque agarraram e comeram um simples cabrito pertencente a
vossa Igreja. Vocês não sabem que sem nós e sem as nossas forças, não existiria
nenhuma pessoa aqui? Teriam dito ao pai que, para alem de Deus e da Igreja, as
nossas tropas e o partido, salvam o povo. Agora o pai nos dá pragas e
ameaça-nos com grandes castigo; quem estará aqui para defender vocês e os
vossos filhos se formos destruídos? Culpados são vocês, porque não explicaram essas
coisas ao pai. Pois ele é grande pessoa e um homem especial. Tudo o que diz é
verdade, acontece o que ele anuncia. Agora nós pagaremos o cabrito do pai e
depois de tudo, vocês elegerão um ou dois secretários da parte de vocês para
nos substituir. Mas pedimos ao Rei para que não nos mate ainda. Não gozamos
lá.”
Quando Pedro Maurício
ouvio isto o representante da Igreja ficou furioso com Bernardo Kizoji e disse:
“Ó irmão Kizoji! Você é maluco! E Quem te elegeu como responsável ou chefe do
bairro? Eu falo com você, não como secretário do teu partido, mas como irmão
meu e filho deste bairro. Repreendo você, porque errou quando diz que sem você
e seu partido, não haveria pessoa viva neste bairro e no Ebo. É insensatez da
parte de você ao dizer isso. Você não sabe que o seu partido e as forças
militares jemeias precisam de nós? E você? Você é um "cabola"! Um
vazio e só quer tomar parte do mal deles, isso acaba e você voltará ao povo.
Que será de si, se fizer o mal ao seu povo de onde você veio?”
Avô Enviado baixou a cabeça e humildemente, disse:
“Deixa, pai. Não fales com ele assim. Ele e o movimento dele
ainda é que estão no mundo a governar, chegará o tempo que o gozo dele
terminará e os que agora têm prazer em ver os outros a padecer, serão, vistos,
não a morrer mas a correr de um lugar ao outro a procura de ar fresco e
descanso. Vão correndo a procura da família para lhes proteger. E a família que
eles mataram? É grande capacete. É agonia!
Mas eu sei quem fez isso. É Maloi e Marcos, seu companheiro.
Eles incitaram A população para me odiar. Agarraram a cabra e deram aos
jemeias. Mesmo este tio Kizoje que é paciência, não Tem paciência de me ouvir e
refletir no que digo. Por isso, kizoje sou eu, porque sou tardio em irar-me.
Ele não. Tio Bernardo tem razão de falar a toa; não sabe do que se trata, por
isso ele é perdoado agora. Depois ele saberá como é sofrer por blasfemar o nome
do nosso protector Jesus.
Mas esses rebeldes verão a espada do Deus Eterno; eles
morrerão e os seus corpos serão estendidos sobre a pedra, e todos os verão.”
Terminado o encontro, retiraram-se todos para o meio do Bairro uns alegres e
outros tristes com medo das palavras do AVÔ. Avó Enviado e os Kalekela
estiveram no Kahumbi dois dias. No terceiro dia, o dia da partida, o representante
Pedro Maurício e o irmão Menezes Godinho tiveram uma discussão forte e os dois
não se entenderam por causa da irmã Dezanove; mas o assunto não foi falado no
AVÔ nem os Kalekela sabiam. Mas AVÔ Enviado sabia tudo e conhecia o que irmão
pensava.
AVÔ foi ter com Pedro que também é Micael. Não perguntou,
mas ouviu ele dizer: “Eu não tenho medo de você, tropa! Não me interessa se
você é forte. Se queres gozar, que seja lá com a vossa militância!” Micael
ficou tão furioso que disse: “Eu não sou da sua militância! Ele quis dizer, não
sou militar como você nem seu companheiro nas forças armadas.” Avô Enviado
perguntou ao irmão Menezes se o que havia com eles. Ele disse que estava irado
com o representante, porque não quis acompanhar os Kalekela nem ajuda-los na
sua viagem á Gabela. OS Kalekela, acompanhados por três mamães e quatro
meninos, saíram do Kahumbi para Sanga na madrugada de dois de Março de 1994.
Dormiram na Sanga porque não houve transporte para Gabela. Os carros não tinham
se deslocado da Gabela para Sanga, porque ouviu-se um boato, de que os jemeias
tinham cercado a estrada, na fazenda dos Carolos entre Bem-vindo e Gia. Apesar
de muitas dificuldades e da fome que passaram naquele dia e no dia seguinte, os
Kalekela conseguiram suportar tudo e viver; porque, para alem dos insultos dos
soldados aos Kalekela, porque queriam as meninas do grupo Kalekela, Avô Enviado
era obrigado a pegar no seu acordeão e tocar musica para os soldados sabeus
(FAA) e alguns populares que, por amizade com sabeus ou por não terem medo da
situação, viviam ali. Avô Enviado fez isso, só para terem um pouco de
"cabuénha" (peixe pequeno, espécie de tuqueias) para os Kalekela
prepararem o funjé do jantar.
Mas na tarde do dia seguinte, Yahweh, o Eterno abriu as
janelas dos céus e a sorte do Selicuata bateu á porta dos Kalekela e outros
viajantes. Apareceram dois carros de marca IFA e um ORAL, mas Avô Enviado e os
seus Kalekela decidiram viajar no carro das forças armadas Angolanas. Naquele
dia, Avô Enviado pensou no sofrimento que tinha passado e por mais sofrimento
que havia de passar até que a verdadeira paz se concretizasse. Pensou também em
Kissala Ndandi, que não estava na Sanga nem naquele carro de tropas. Os
militares cantavam canções da parada e de treino, próprias para a tropa; com
palavras obscenas; coisas que afligiam o Avô Enviado. Mas que fazer? Estava no
meio deles! Estava, como se diz: Um justo entre ímpios. Mesmo assim chegaram na
cidade da Gabela e no dia seguinte seguiram viagem para Luanda. No caminho
havia muitos controles, não era os policias que controlavam as vias, mas sim,
os soldados das Forças armadas Angolanas, porque havia desconfiança com os que
saíam do interior; pois, setenta e cinco por cento do país eram ocupados por
jemeias (UNITA). Naquela altura, quem não tinha bilhete não passava, era tido
como jemeia. Se não tivesse sorte, morria ali. Avô Enviado andava com jovens
fortes e prontos para luta, mas não tinham quaisquer documentos. Tinha também
Avô muitas meninas bonitas, porém os sabeus (FAA) não queriam meninas. Chegaram
no primeiro controle da saída da Gabela, no entroncamento entre Boa Entrada e
cachoeiras do Binga. Ali, pararam todos carros, porque houve rumores de cerco
dos jemeias no famoso e melindroso Pau-preto, e os comandantes mandaram para lá
dois pelotões de tropas. Uma hora mais tarde vieram com essa notícia: A via
está livre! Os carros podem avançar. Então, um dos policiais chegou até Avó
Enviado e disse-lhe:” Ouve meus rapazes. Parece mentira, mas é certo. Se não
fosse nós, este grupo de jovens não avançaria para Luanda. Ficaria na UNITA ou
aqui. E depois, com estas meninas tão bonitas e adoráveis! Graças ás nossas
forças.” Zito respondeu-lhe, dizendo:” Por onde passamos, chefe, se não fosse o
nosso verdadeiro Rei não estaríamos aqui. Nesta graça você esta lá também.”
O Homem perguntou:
“quem é o verdadeiro pai, senão os dois presidentes em guerra? Se Deus fosse o
nosso pai, não estaríamos vestidos de farda. Vocês são suspeitas e vosso pai é
Savimbi, Porque é de cima e do sul. Quem comanda este grupo?”
Zito mostrou ao Avô
dizendo: “ Nosso pai é este.” Este rapaz é vosso chefe? Disse o homem
desdenhando. Ele riu.
“ Sim!” – Respondeu Avô Enviado. “Nesta graça, você esta
incluso lá, mas como você Não acreditou, você verá tudo, mas não gozará no que
tanto lutaste e sofreste. Disse bem quando você declarou que nosso pai é de
cima. Ele é Iavé dos exércitos e não Savimbi como você falou a toa.”
O polícia afastou
dali, muito envergonhado. Os Kalekela subiram no carro e partiram com a coluna
militar e outros carros. Chegaram num outro controlo de tropas que mandaram
revistar a todos. Cada um mostrou o seu bilhete e a cédula pessoal. Quem não
tivesse estes documentos, ficava ali mesmo. Quatro jovens que andaram conosco
foram apanhados, mas tinham documento.
Chegando aos jovens Kalekela, o comandante pediu-lhes os
documentos., Ninguém tinha e também não se apressaram em fazer ou dizer algo.
Então avó Enviado tirou da pasta a bata e a fita com o nome Kalekela Paz e deu
ao comandante, este deu ao maior deles e disse-lhe: “Estes jovens que andam com
aquele rapaz deficiente, não têm documento, mas mostraram-me esta bata e fitas
como seus documentos. Olha só o que esta escrito aqui: Kalekela Paz. Que tipo
de homens são estes?” O maior deles chegou bem perto e olhou para Avó Enviado.
Depois disse: “Estes homens não podem serem travados nem interrogados, porque a
missão deles não tem fronteiras. Eles são mandados por Deus para, como nós,
lutarem pela paz só que é no mundo espiritual. Deixe-lhes ir.” E mandaram
passar uma declaração e enviaram a mesma para todos controlos do Kwanza Sul e
Luanda para que não fizessem nada aos Kalekela. Isso continuo até que a paz
chegou. Saímos dali e chegamos às Cachoeiras do Bimga. Paramos um pouco, e dali
viajamos sem problemas até Luanda. Em Luanda, os Kalekela foram recebido como é
de costume. Mas já não ficaram juntos. Foram separados, cada um para casa de um
ancião da igreja. Febe foi morar em casa de António Domingos na Sagrada
Esperança ou Comissão do Prenda. Dezanove foi morar no Benfica no Paulo
Cajicua, centro dos Kalekela onde também morava da Gama, Zito e Avo Enviado.
Marcelina e Rosaria foram para os bairros Prenda e Sambizanga com os irmãos
José António e Carlos Trigo, respectivamente. Mas não se separaram para sempre;
Porque encontravam-se nos sábados e domingos na igreja. Ensaiavam no bairro
Benfica e os encontros eram feitos no cultos no Rocha. Certo domingo, treze de
Março de 1994, todos estavam reunidos no lugar habitual do culto, na Figueira.
Os Kalekela estavam presentes, todos vestidos de batas e fitas com o nome do
grupo escrito nas mesmas. Kalekela paz era o nome do grupo. As meninas estavam
vestidas de branco e os jovens de verde. Como estavam perfeitamente organizados
e se perfilavam perante a mesa, entoando, a inveja renasceu nos corações dos
profetas do grupo de Ageu. Quando o coral Kalekela voltou em fila para o seu
lugar, os profetas de Ageu escolheram três homens para atacarem os Kalekela.
Eram eles: Nelson Muhongo-profeta
Daniel, José Vunda -Gulai e Francisco -Amoz. Para esses profetas o coro
Kalekela estava desafiando a eles e a igreja." Por isso," Mandaram
eles." Vocês têm que ligar a máxima poténcia dos animais para enfrentar os
profetas do Kalekela. Eles fugirão, porque não têm animais como nós
temos." Avô Enviado sabia dos planos deles e deu a conhecer aos
Kalekela.
Quando os profetas do grupo do Ageu chegaram aos Kalekela,
começaram a agir como inspirados " ligaram " os animais, como eles
disseram, e atacaram, com mordidas as
meninas, porque pensavam que eram fracas e não tinham poder suficiente. Eles
não atacaram os jovens porque já sabiam os jovens Kalekela eram forte, por isso
é que queriam se aproveitar nas meninas. Gulai foi o primeiro a atacar, porque
era considerado o mais forte dos animais. Ele atacou a irmã Marcelina que
também era profetiza e os outros dois foram contra a Dezanove e Febe. Mais como
o poder dos animais dos Kalekela não era ligado pela força do Homem mas por
Deus, as meninas ficaram cheias do espírito Santo, como verdadeiras Leoas e
Ursas, derrotaram os animais ligados por eles e seus agentes. José Vunda o
Gulai não conseguiu morder a irmã Marcelina porque o Animal Maior estava com
ela e o Avô Enviado dava vivas às combatentes do Kalekela, quando Gulai ia se aproximando
para atacar, a leoa da Marcenina entrou na ova dele e fê-lo subir no ar. Depois
foi lançado sobre a mesa batendo com a boca e dali caio para o chão. Quando
viram aquilo, os profetas do Ageu bateram em retirada cheios de vergonha, Gulai
levantou-se do chão, após de 20 minutos fora de si, viu que os outros tinham
fingido, e com a boca a sangrar foi se limpar na bata da profetiza. Depois foi
se embora. O povo gritava assim: Fora com eles, tenhem muita mania de se darem
de forte. Agora foram surrados por mulheres. Afinal a mulher tem mesmo valor
wo; lhes deram. A partir daquele dia ate hoje, nunca mais insultaram Kalekela.
Cinco dias depois, Avô Enviado propôs a igreja que ia viajar
de novo para Kwanza Sul. Os anciãos não queriam que o Avô Enviado fosse outra
vez para lá, porque a província toda estava em " maus lençóis " e os
jemeias estavam quase às proximidades de Luanda, cercando os dois pontos da
capital. No lado Sul, os Jemeias se aproximavam-se do Dondo e atacavam por
vezes, Maria Teresa e Zenza do Itombe e Kifangondo. No leste chegaram no
Calele, vindos de Quilenda. Luanda estava muito agitada com essas notícias e,
com a Fome que atormentava o povo, porque nenhum camião carregado de produtos,
vinha de Malange e do Kwanza Sul para Luanda, os mercados estavam vazias e o
povo comprava milho e torrava para comer. Muito milho torrado espalhou-se pelos
mercados de Luanda; enrolado numa folha de papel, o milho era vendido 500 kz.
Luanda estava afectada pelo cheiro do milho torrado que ate chamavam – no de
salva Luanda. Avô Enviado tomou parte do sofrimento do povo e comeu milho
torrado com o povo. Além do " salva Luanda " muita gente, ate pessoas
importantes comeram ratos caseiros ou dibengos gatos e ate cães, por causa da
fome. Só faltavam comerem – se a si mesmo, para se cumprir as profecias de
Jeremias. Assim foi cumpridas em parte, as palavras que o Eterno por meio de
Cavunga Yahweh. Avô Enviado era também conhecido nas lides eclesiásticas como
Rei David e os mais velhos gostavam muito dele e estimavam o trabalho que
fazia.
Foi ali que o rei David conheceu Armando Afonso, o capulo e
José da Graça, o Big John por meio dos filhos do pastor João Januário, que
morava no bairro Palanca. Quando Avó Enviado pediu aos anciãos que quis voltar
para ver os filhos Deus nos municípios de Kibala e Ebo e animá-los na fé, eles
instaram com Avó Enviado para que não viajasse para Kwanza-sul, já que os
jemeias estavam mesmo em redor de Luanda." E depois", disseram eles." “Com este irmão Menezes… Vimos que ele é um
perigoso para a missão de Paz do Kalekela. Pois ouvimos que ele tem passe
militar e foi com ele na Kibala. E rolam noticias, que o homem foi visto pelos
homens da UNITA a expiar a área! Menezes não é Kalekela e não pode ser do grupo
do Enviado. Ele foi escolhido pela igreja para ser secretário da medicina.”
E era verdade. Na conversa que Avó Enviado teve o irmão
António Muriango, ele ouviu detalhadamente a notícia. Em casa, no bairro
Benfica, Paulo Cajicua. O pai Fica Bem disse aos Kalekela: “Vocês não podem ir
no Kuanza-sul com o Rei David. Hoje o Rei tem uma dura missão e não pode levar
muita Gente. Principalmente você, ó irmão Menezes, por causa do que você tem.
Você é das forssas armadas Angolanas e vai se encontrar com outro lado de
tropas que são inimigos de vocéis, por causa disso os homens vam ser presos e
as meninas vão ser Mulheres dos chefes. E você Da Gama, irá de cartar a água
para os mais velhos deles isto aconteceu no Sucursal de oração as 19 horas: Mas
quando cantaram o ino de saída, Menezes gritou para todos: Quem conhece
Kalekela? Kalekela é tudo! Kalekela é alegria e de alegria é tudo.”
No dia seguente, depois de receberem a testeficaçáo, os
Kalekela partiram para Kuanza-sul. Só que a carta rezava Gabela. ‘, E na Gabela
não havia nenhum membro da igreja onde os Kalekela pertenciam. Chegaram na
Sanga as treze horas e dez. Naquele dia não encontraram, António Kissala
Ndandi, o comandante daquele sector. Kissala era amigo de Avo Enviado e ele
ouviu que Ndandi foi transferido para Waku-kungu. No controle dos FAA da Sanga,
o grupo de Avo Enviado foi impedido de prosseguir seu caminho, porque nele
havia Jovens fortes e corajosos que davam para enfrentar as bases
inimiga". Era sério o problema, porque os dois contendores tinham programa
de rusgas e a tropa do governo conhecia o Rei David, que é Avo Enviado, e os
soldados queriam que os Kalekela não fossem para as zonas quentes do Condé:
porque os jemeias faziam daquelas áreas, o Bastião deles no Kuanza-sul: Só que
Avô Enviado não tinha inimigos nem era inimigo de ninguém. Ele mesmo disse,
quando um soldado lhe perguntou sobre essa questão: “ Onde eu estou, o inimigo
não fica e onde passo, o inimigo não passa.” O homem perguntou-lhe: -então o
senhor é profeta? Mas a Unita ta forte e ambiciosa, com estes "leões’’ que
o senhor controla, os militares da Unita não respeitam profetas.Irão levar os
Jovens do senhor.”
“Eu?” respondeu Avo,
-não diga que os Sabeus ou jemeias são inimigos, porque todos lutam por um
interesse, a Paz. Mas no meio disto, os malandros estão se aproveitando e
contudo, a guerra vai prolongar por mais tempo e muito homem ainda vai morrer,
pelos interesses dos malandros; porque eles se conhecem e mandam-se
condolências quando perde um dos maiores, em um dos lados e felicitam-se quando
um deles vence. Mas eles mentem para vocês, nos comícios e nos meios de
comunicação social, ofendendo-se mutuamente. Porém, em "kassekele"
(Em segredo,) são amigos. Abram o olho, companheiros! Esta guerra é jogo de fezada
e morrer é Batota. A paz e a vida virão porém, quando nos dois elefantes sair
um e ficar só um a mandar,a alegria vai as cabeças de vocês.” Os soldados que
ouviam o Avo, acharam isso divertido e perguntaram. – Rei David. Quem há de
sair, nesse meio para que a Paz venha? Avo respondeu-lhes, dizendo:” É aquele
que não ouve a razão e não sente o sofrimento do seu povo. A historia o julgará
e o tirará do vosso meio.” Os soldados aplaudiram e um deles disse: “Queira
Deus que eu não morra para ver o que Enviado disse.” Avo disse:” Se vocês
respeitarem a vida de vocês e do próximo, será feito!”
Os Kalekela do Avo Enviado eram chamados de "os leões
do Enviado ou "os bichos treinados", e eram conhecidos por todos. E
os dois lados em guerra permitiam aos Kalekela passar do lado ocupado por
ambos. Ora, os Kalekela entravam em suas bases.
Mas naquele dia os militares não queriam que Avo Enviado
fosse ao Condé e noutros bairros por causa da rusga dos jemeias. Ale disso
havia soldados malandros que ameaçavam os Kalekela com armas e viam os sacos e
mochilas deles para roubarem tudo o que lá se encontrava, vendo isso, Avo
Enviado interveio e defendeu os Kalekela, como já tinham tirado do saco dois
litros de óleo de soja e dois kilogramas de açúcar, porque temiam que os
Kalekela levassem o alimento para os jemeias, Enviado disse-lhes: “Onde os
sabeus comem, os jemeias também comem! Entreguem as nossas coisas á nós, porque
são nossas: Assim que não demos vocês, salemitos, também não de remos aos
jemeias.”
Os soldados perguntaram: “ Que são sabeus e jemeias?”Avo
disse: “jemeias são os que vocês chamam de Unita e sabeus são vocês.” Neste
caso o Avô Enviado quer levar isso para. Os jemeias?
-Se eu levasse os meus mantimentos para eles, não estaria
aqui. Mas para acabar com o problema, dêem-me tudo para destruir, e pegou os
litros de óleo que os soldados tinham tirado dele e abriu a rolha e entornou
todo óleo no asfalto e disse: “ Assim seja? Agora ninguém ganha. Nem vocês e os
jemeias comerão, nem eu e os Kalekela levaremos. Tudo fica aqui.
"Terem"acabou.” Soldados ficaram muito admirados com esse gesto e,
envergonhados retiraram-se dali, lamentando. Disseram: “este Avô Enviado é mau,
ua? Nunca vimos uma vingança assim. É uma boa partida.” Outro, apoiando Avô
Enviado, disse: “tem razão. Mesmo eu faço a mesma coisa é minha; é do meu suor;
como é que um gajo qualquer, só porque meteu fardamento e tem arma, pode
tira-la de mim? Bom exemplo que ele nos deu.” Avô Enviado não foi com o grupo,
ficou, porque pensou que os soldados tinham tirado da mochila do Avô, os quilos
de sal e açúcar. Mas os militares não tinham mexido noutras sacolas, senão onde tinham tirado o óleo vegetal. Os
Kalekela já tinham ido com tudo e, com Menezes a frente chegaram no bairro do
Kahumbi. Avô Enviado dormiu na Sanga. Os militares não ficaram a gostar, quando
viram que Menezes Godinho tinha partido dali; porque tinham ouvido dele muita
mã notícia que vinha de Kibala. Ouviram que ele ia expiar a Base dos jemeias e
tinham lhe visto com o passe militar e o documento da desmobilização.
MAIS CENAS

Mas os Kalekela
sabiam mesmo que os jemeias estavam no Kahumbi e apanhavam jovens. Só que vieram em pleno coloque ou
casamento tradicional de um jovem do bairro e uma jovem do Casequel. O jovem,
por sinal era amigo do comandante Mário, que dirigia a rusga. Também com a
vinda do Avô Enviado na área, o povo ficou sossegado e não temeu a presença das
tropas Jemeias. Os próprios jemeias também conheciam muito bem os Kalekela e
habituavam com o que os Kalekela faziam. Por isso não houve rusga. Mas Avô
Enviado não gostou da notícia que escutou na classe do Kahumbi. Soube que o
cabrito que era do Kalekela foi comido pelos Jemeias e que os homens que
agarraram o cabrito eram Marcos e Maloi. Avô ficou muito zangado e ameaçou os
tais com um castigo. A notícia da ira do Avô se espalhou por todo bairro e
congregou responsáveis do bairro com dois secretários do partido do jemeias, os
senhores Bernardo Kizoje e Chiquito conhecido como Sete. Eles chegaram onde
estavam Avô Enviado, os anciãos e os Kalekela. Kizoji tomou a palavra, e disse:
“Meu e nosso pai Avô Enviado. Queridos anciãos da Igreja e irmãos Kalekela.
Irmãs e irmãos. Nós, como responsáveis do bairro e secretários do nosso glorioso
partido, viemos ter com Avô Enviado para expormos as nossas queixas ao nosso
pai. Ouvimos tudo o que o pai nos disse, não porque ouvimos dele, mas porque
contaram para; nós disseram-nos que o pai ficou irado com o nosso partido e
conosco. Prometeu castigo e derrota das nossas FALA. Forças armadas que
libertam Angola, só porque agarraram e comeram um simples cabrito pertencente a
vossa Igreja. Vocês não sabem que sem nós e sem as nossas forças, não existiria
nenhuma pessoa aqui? Teriam dito ao pai que, para alem de Deus e da Igreja, as
nossas tropas e o partido, salvam o povo. Agora o pai nos dá pragas e
ameaça-nos com grandes castigo; quem estará aqui para defender vocês e os
vossos filhos se formos destruídos? Culpados são vocês, porque não explicaram essas
coisas ao pai. Pois ele é grande pessoa e um homem especial. Tudo o que diz é
verdade, acontece o que ele anuncia. Agora nós pagaremos o cabrito do pai e
depois de tudo, vocês elegerão um ou dois secretários da parte de vocês para
nos substituir. Mas pedimos ao Rei para que não nos mate ainda. Não gozamos
lá.”
Quando Pedro Maurício
ouvio isto o representante da Igreja ficou furioso com Bernardo Kizoji e disse:
“Ó irmão Kizoji! Você é maluco! E Quem te elegeu como responsável ou chefe do
bairro? Eu falo com você, não como secretário do teu partido, mas como irmão
meu e filho deste bairro. Repreendo você, porque errou quando diz que sem você
e seu partido, não haveria pessoa viva neste bairro e no Ebo. É insensatez da
parte de você ao dizer isso. Você não sabe que o seu partido e as forças
militares jemeias precisam de nós? E você? Você é um "cabola"! Um
vazio e só quer tomar parte do mal deles, isso acaba e você voltará ao povo.
Que será de si, se fizer o mal ao seu povo de onde você veio?”
Avô Enviado baixou a cabeça e humildemente, disse:
“Deixa, pai. Não fales com ele assim. Ele e o movimento dele
ainda é que estão no mundo a governar, chegará o tempo que o gozo dele
terminará e os que agora têm prazer em ver os outros a padecer, serão, vistos,
não a morrer mas a correr de um lugar ao outro a procura de ar fresco e
descanso. Vão correndo a procura da família para lhes proteger. E a família que
eles mataram? É grande capacete. É agonia!
Mas eu sei quem fez isso. É Maloi e Marcos, seu companheiro.
Eles incitaram A população para me odiar. Agarraram a cabra e deram aos
jemeias. Mesmo este tio Kizoje que é paciência, não Tem paciência de me ouvir e
refletir no que digo. Por isso, kizoje sou eu, porque sou tardio em irar-me.
Ele não. Tio Bernardo tem razão de falar a toa; não sabe do que se trata, por
isso ele é perdoado agora. Depois ele saberá como é sofrer por blasfemar o nome
do nosso protector Jesus.
Mas esses rebeldes verão a espada do Deus Eterno; eles
morrerão e os seus corpos serão estendidos sobre a pedra, e todos os verão.”
Terminado o encontro, retiraram-se todos para o meio do Bairro uns alegres e
outros tristes com medo das palavras do AVÔ. Avó Enviado e os Kalekela
estiveram no Kahumbi dois dias. No terceiro dia, o dia da partida, o representante
Pedro Maurício e o irmão Menezes Godinho tiveram uma discussão forte e os dois
não se entenderam por causa da irmã Dezanove; mas o assunto não foi falado no
AVÔ nem os Kalekela sabiam. Mas AVÔ Enviado sabia tudo e conhecia o que irmão
pensava.
AVÔ foi ter com Pedro que também é Micael. Não perguntou,
mas ouviu ele dizer: “Eu não tenho medo de você, tropa! Não me interessa se
você é forte. Se queres gozar, que seja lá com a vossa militância!” Micael
ficou tão furioso que disse: “Eu não sou da sua militância! Ele quis dizer, não
sou militar como você nem seu companheiro nas forças armadas.” Avô Enviado
perguntou ao irmão Menezes se o que havia com eles. Ele disse que estava irado
com o representante, porque não quis acompanhar os Kalekela nem ajuda-los na
sua viagem á Gabela. OS Kalekela, acompanhados por três mamães e quatro
meninos, saíram do Kahumbi para Sanga na madrugada de dois de Março de 1994.
Dormiram na Sanga porque não houve transporte para Gabela. Os carros não tinham
se deslocado da Gabela para Sanga, porque ouviu-se um boato, de que os jemeias
tinham cercado a estrada, na fazenda dos Carolos entre Bem-vindo e Gia. Apesar
de muitas dificuldades e da fome que passaram naquele dia e no dia seguinte, os
Kalekela conseguiram suportar tudo e viver; porque, para alem dos insultos dos
soldados aos Kalekela, porque queriam as meninas do grupo Kalekela, Avô Enviado
era obrigado a pegar no seu acordeão e tocar musica para os soldados sabeus
(FAA) e alguns populares que, por amizade com sabeus ou por não terem medo da
situação, viviam ali. Avô Enviado fez isso, só para terem um pouco de
"cabuénha" (peixe pequeno, espécie de tuqueias) para os Kalekela
prepararem o funjé do jantar.
Mas na tarde do dia seguinte, Yahweh, o Eterno abriu as
janelas dos céus e a sorte do Selicuata bateu á porta dos Kalekela e outros
viajantes. Apareceram dois carros de marca IFA e um ORAL, mas Avô Enviado e os
seus Kalekela decidiram viajar no carro das forças armadas Angolanas. Naquele
dia, Avô Enviado pensou no sofrimento que tinha passado e por mais sofrimento
que havia de passar até que a verdadeira paz se concretizasse. Pensou também em
Kissala Ndandi, que não estava na Sanga nem naquele carro de tropas. Os
militares cantavam canções da parada e de treino, próprias para a tropa; com
palavras obscenas; coisas que afligiam o Avô Enviado. Mas que fazer? Estava no
meio deles! Estava, como se diz: Um justo entre ímpios. Mesmo assim chegaram na
cidade da Gabela e no dia seguinte seguiram viagem para Luanda. No caminho
havia muitos controles, não era os policias que controlavam as vias, mas sim,
os soldados das Forças armadas Angolanas, porque havia desconfiança com os que
saíam do interior; pois, setenta e cinco por cento do país eram ocupados por
jemeias (UNITA). Naquela altura, quem não tinha bilhete não passava, era tido
como jemeia. Se não tivesse sorte, morria ali. Avô Enviado andava com jovens
fortes e prontos para luta, mas não tinham quaisquer documentos. Tinha também
Avô muitas meninas bonitas, porém os sabeus (FAA) não queriam meninas. Chegaram
no primeiro controle da saída da Gabela, no entroncamento entre Boa Entrada e
cachoeiras do Binga. Ali, pararam todos carros, porque houve rumores de cerco
dos jemeias no famoso e melindroso Pau-preto, e os comandantes mandaram para lá
dois pelotões de tropas. Uma hora mais tarde vieram com essa notícia: A via
está livre! Os carros podem avançar. Então, um dos policiais chegou até Avó
Enviado e disse-lhe:” Ouve meus rapazes. Parece mentira, mas é certo. Se não
fosse nós, este grupo de jovens não avançaria para Luanda. Ficaria na UNITA ou
aqui. E depois, com estas meninas tão bonitas e adoráveis! Graças ás nossas
forças.” Zito respondeu-lhe, dizendo:” Por onde passamos, chefe, se não fosse o
nosso verdadeiro Rei não estaríamos aqui. Nesta graça você esta lá também.”
O Homem perguntou:
“quem é o verdadeiro pai, senão os dois presidentes em guerra? Se Deus fosse o
nosso pai, não estaríamos vestidos de farda. Vocês são suspeitas e vosso pai é
Savimbi, Porque é de cima e do sul. Quem comanda este grupo?”
Zito mostrou ao Avô
dizendo: “ Nosso pai é este.” Este rapaz é vosso chefe? Disse o homem
desdenhando. Ele riu.
“ Sim!” – Respondeu Avô Enviado. “Nesta graça, você esta
incluso lá, mas como você Não acreditou, você verá tudo, mas não gozará no que
tanto lutaste e sofreste. Disse bem quando você declarou que nosso pai é de
cima. Ele é Iavé dos exércitos e não Savimbi como você falou a toa.”
O polícia afastou
dali, muito envergonhado. Os Kalekela subiram no carro e partiram com a coluna
militar e outros carros. Chegaram num outro controlo de tropas que mandaram
revistar a todos. Cada um mostrou o seu bilhete e a cédula pessoal. Quem não
tivesse estes documentos, ficava ali mesmo. Quatro jovens que andaram conosco
foram apanhados, mas tinham documento.
Chegando aos jovens Kalekela, o comandante pediu-lhes os
documentos., Ninguém tinha e também não se apressaram em fazer ou dizer algo.
Então avó Enviado tirou da pasta a bata e a fita com o nome Kalekela Paz e deu
ao comandante, este deu ao maior deles e disse-lhe: “Estes jovens que andam com
aquele rapaz deficiente, não têm documento, mas mostraram-me esta bata e fitas
como seus documentos. Olha só o que esta escrito aqui: Kalekela Paz. Que tipo
de homens são estes?” O maior deles chegou bem perto e olhou para Avó Enviado.
Depois disse: “Estes homens não podem serem travados nem interrogados, porque a
missão deles não tem fronteiras. Eles são mandados por Deus para, como nós,
lutarem pela paz só que é no mundo espiritual. Deixe-lhes ir.” E mandaram
passar uma declaração e enviaram a mesma para todos controlos do Kwanza Sul e
Luanda para que não fizessem nada aos Kalekela. Isso continuo até que a paz
chegou. Saímos dali e chegamos às Cachoeiras do Bimga. Paramos um pouco, e dali
viajamos sem problemas até Luanda. Em Luanda, os Kalekela foram recebido como é
de costume. Mas já não ficaram juntos. Foram separados, cada um para casa de um
ancião da igreja. Febe foi morar em casa de António Domingos na Sagrada
Esperança ou Comissão do Prenda. Dezanove foi morar no Benfica no Paulo
Cajicua, centro dos Kalekela onde também morava da Gama, Zito e Avo Enviado.
Marcelina e Rosaria foram para os bairros Prenda e Sambizanga com os irmãos
José António e Carlos Trigo, respectivamente. Mas não se separaram para sempre;
Porque encontravam-se nos sábados e domingos na igreja. Ensaiavam no bairro
Benfica e os encontros eram feitos no cultos no Rocha. Certo domingo, treze de
Março de 1994, todos estavam reunidos no lugar habitual do culto, na Figueira.
Os Kalekela estavam presentes, todos vestidos de batas e fitas com o nome do
grupo escrito nas mesmas. Kalekela paz era o nome do grupo. As meninas estavam
vestidas de branco e os jovens de verde. Como estavam perfeitamente organizados
e se perfilavam perante a mesa, entoando, a inveja renasceu nos corações dos
profetas do grupo de Ageu. Quando o coral Kalekela voltou em fila para o seu
lugar, os profetas de Ageu escolheram três homens para atacarem os Kalekela.
Eram eles: Nelson Muhongo-profeta
Daniel, José Vunda -Gulai e Francisco -Amoz. Para esses profetas o coro
Kalekela estava desafiando a eles e a igreja." Por isso," Mandaram
eles." Vocês têm que ligar a máxima poténcia dos animais para enfrentar os
profetas do Kalekela. Eles fugirão, porque não têm animais como nós
temos." Avô Enviado sabia dos planos deles e deu a conhecer aos
Kalekela.
Quando os profetas do grupo do Ageu chegaram aos Kalekela,
começaram a agir como inspirados " ligaram " os animais, como eles
disseram, e atacaram, com mordidas as
meninas, porque pensavam que eram fracas e não tinham poder suficiente. Eles
não atacaram os jovens porque já sabiam os jovens Kalekela eram forte, por isso
é que queriam se aproveitar nas meninas. Gulai foi o primeiro a atacar, porque
era considerado o mais forte dos animais. Ele atacou a irmã Marcelina que
também era profetiza e os outros dois foram contra a Dezanove e Febe. Mais como
o poder dos animais dos Kalekela não era ligado pela força do Homem mas por
Deus, as meninas ficaram cheias do espírito Santo, como verdadeiras Leoas e
Ursas, derrotaram os animais ligados por eles e seus agentes. José Vunda o
Gulai não conseguiu morder a irmã Marcelina porque o Animal Maior estava com
ela e o Avô Enviado dava vivas às combatentes do Kalekela, quando Gulai ia se aproximando
para atacar, a leoa da Marcenina entrou na ova dele e fê-lo subir no ar. Depois
foi lançado sobre a mesa batendo com a boca e dali caio para o chão. Quando
viram aquilo, os profetas do Ageu bateram em retirada cheios de vergonha, Gulai
levantou-se do chão, após de 20 minutos fora de si, viu que os outros tinham
fingido, e com a boca a sangrar foi se limpar na bata da profetiza. Depois foi
se embora. O povo gritava assim: Fora com eles, tenhem muita mania de se darem
de forte. Agora foram surrados por mulheres. Afinal a mulher tem mesmo valor
wo; lhes deram. A partir daquele dia ate hoje, nunca mais insultaram Kalekela.
Cinco dias depois, Avô Enviado propôs a igreja que ia viajar
de novo para Kwanza Sul. Os anciãos não queriam que o Avô Enviado fosse outra
vez para lá, porque a província toda estava em " maus lençóis " e os
jemeias estavam quase às proximidades de Luanda, cercando os dois pontos da
capital. No lado Sul, os Jemeias se aproximavam-se do Dondo e atacavam por
vezes, Maria Teresa e Zenza do Itombe e Kifangondo. No leste chegaram no
Calele, vindos de Quilenda. Luanda estava muito agitada com essas notícias e,
com a Fome que atormentava o povo, porque nenhum camião carregado de produtos,
vinha de Malange e do Kwanza Sul para Luanda, os mercados estavam vazias e o
povo comprava milho e torrava para comer. Muito milho torrado espalhou-se pelos
mercados de Luanda; enrolado numa folha de papel, o milho era vendido 500 kz.
Luanda estava afectada pelo cheiro do milho torrado que ate chamavam – no de
salva Luanda. Avô Enviado tomou parte do sofrimento do povo e comeu milho
torrado com o povo. Além do " salva Luanda " muita gente, ate pessoas
importantes comeram ratos caseiros ou dibengos gatos e ate cães, por causa da
fome. Só faltavam comerem – se a si mesmo, para se cumprir as profecias de
Jeremias. Assim foi cumpridas em parte, as palavras que o Eterno por meio de
Cavunga Yahweh. Avô Enviado era também conhecido nas lides eclesiásticas como
Rei David e os mais velhos gostavam muito dele e estimavam o trabalho que
fazia.
Foi ali que o rei David conheceu Armando Afonso, o capulo e
José da Graça, o Big John por meio dos filhos do pastor João Januário, que
morava no bairro Palanca. Quando Avó Enviado pediu aos anciãos que quis voltar
para ver os filhos Deus nos municípios de Kibala e Ebo e animá-los na fé, eles
instaram com Avó Enviado para que não viajasse para Kwanza-sul, já que os
jemeias estavam mesmo em redor de Luanda." E depois", disseram eles." “Com este irmão Menezes… Vimos que ele é um
perigoso para a missão de Paz do Kalekela. Pois ouvimos que ele tem passe
militar e foi com ele na Kibala. E rolam noticias, que o homem foi visto pelos
homens da UNITA a expiar a área! Menezes não é Kalekela e não pode ser do grupo
do Enviado. Ele foi escolhido pela igreja para ser secretário da medicina.”
E era verdade. Na conversa que Avó Enviado teve o irmão
António Muriango, ele ouviu detalhadamente a notícia. Em casa, no bairro
Benfica, Paulo Cajicua. O pai Fica Bem disse aos Kalekela: “Vocês não podem ir
no Kuanza-sul com o Rei David. Hoje o Rei tem uma dura missão e não pode levar
muita Gente. Principalmente você, ó irmão Menezes, por causa do que você tem.
Você é das forssas armadas Angolanas e vai se encontrar com outro lado de
tropas que são inimigos de vocéis, por causa disso os homens vam ser presos e
as meninas vão ser Mulheres dos chefes. E você Da Gama, irá de cartar a água
para os mais velhos deles isto aconteceu no Sucursal de oração as 19 horas: Mas
quando cantaram o ino de saída, Menezes gritou para todos: Quem conhece
Kalekela? Kalekela é tudo! Kalekela é alegria e de alegria é tudo.”
No dia seguente, depois de receberem a testeficaçáo, os
Kalekela partiram para Kuanza-sul. Só que a carta rezava Gabela. ‘, E na Gabela
não havia nenhum membro da igreja onde os Kalekela pertenciam. Chegaram na
Sanga as treze horas e dez. Naquele dia não encontraram, António Kissala
Ndandi, o comandante daquele sector. Kissala era amigo de Avo Enviado e ele
ouviu que Ndandi foi transferido para Waku-kungu. No controle dos FAA da Sanga,
o grupo de Avo Enviado foi impedido de prosseguir seu caminho, porque nele
havia Jovens fortes e corajosos que davam para enfrentar as bases
inimiga". Era sério o problema, porque os dois contendores tinham programa
de rusgas e a tropa do governo conhecia o Rei David, que é Avo Enviado, e os
soldados queriam que os Kalekela não fossem para as zonas quentes do Condé:
porque os jemeias faziam daquelas áreas, o Bastião deles no Kuanza-sul: Só que
Avô Enviado não tinha inimigos nem era inimigo de ninguém. Ele mesmo disse,
quando um soldado lhe perguntou sobre essa questão: “ Onde eu estou, o inimigo
não fica e onde passo, o inimigo não passa.” O homem perguntou-lhe: -então o
senhor é profeta? Mas a Unita ta forte e ambiciosa, com estes "leões’’ que
o senhor controla, os militares da Unita não respeitam profetas.Irão levar os
Jovens do senhor.”
“Eu?” respondeu Avo,
-não diga que os Sabeus ou jemeias são inimigos, porque todos lutam por um
interesse, a Paz. Mas no meio disto, os malandros estão se aproveitando e
contudo, a guerra vai prolongar por mais tempo e muito homem ainda vai morrer,
pelos interesses dos malandros; porque eles se conhecem e mandam-se
condolências quando perde um dos maiores, em um dos lados e felicitam-se quando
um deles vence. Mas eles mentem para vocês, nos comícios e nos meios de
comunicação social, ofendendo-se mutuamente. Porém, em "kassekele"
(Em segredo,) são amigos. Abram o olho, companheiros! Esta guerra é jogo de fezada
e morrer é Batota. A paz e a vida virão porém, quando nos dois elefantes sair
um e ficar só um a mandar,a alegria vai as cabeças de vocês.” Os soldados que
ouviam o Avo, acharam isso divertido e perguntaram. – Rei David. Quem há de
sair, nesse meio para que a Paz venha? Avo respondeu-lhes, dizendo:” É aquele
que não ouve a razão e não sente o sofrimento do seu povo. A historia o julgará
e o tirará do vosso meio.” Os soldados aplaudiram e um deles disse: “Queira
Deus que eu não morra para ver o que Enviado disse.” Avo disse:” Se vocês
respeitarem a vida de vocês e do próximo, será feito!”
Os Kalekela do Avo Enviado eram chamados de "os leões
do Enviado ou "os bichos treinados", e eram conhecidos por todos. E
os dois lados em guerra permitiam aos Kalekela passar do lado ocupado por
ambos. Ora, os Kalekela entravam em suas bases.
Mas naquele dia os militares não queriam que Avo Enviado
fosse ao Condé e noutros bairros por causa da rusga dos jemeias. Ale disso
havia soldados malandros que ameaçavam os Kalekela com armas e viam os sacos e
mochilas deles para roubarem tudo o que lá se encontrava, vendo isso, Avo
Enviado interveio e defendeu os Kalekela, como já tinham tirado do saco dois
litros de óleo de soja e dois kilogramas de açúcar, porque temiam que os
Kalekela levassem o alimento para os jemeias, Enviado disse-lhes: “Onde os
sabeus comem, os jemeias também comem! Entreguem as nossas coisas á nós, porque
são nossas: Assim que não demos vocês, salemitos, também não de remos aos
jemeias.”
Os soldados perguntaram: “ Que são sabeus e jemeias?”Avo
disse: “jemeias são os que vocês chamam de Unita e sabeus são vocês.” Neste
caso o Avô Enviado quer levar isso para. Os jemeias?
-Se eu levasse os meus mantimentos para eles, não estaria
aqui. Mas para acabar com o problema, dêem-me tudo para destruir, e pegou os
litros de óleo que os soldados tinham tirado dele e abriu a rolha e entornou
todo óleo no asfalto e disse: “ Assim seja? Agora ninguém ganha. Nem vocês e os
jemeias comerão, nem eu e os Kalekela levaremos. Tudo fica aqui.
"Terem"acabou.” Soldados ficaram muito admirados com esse gesto e,
envergonhados retiraram-se dali, lamentando. Disseram: “este Avô Enviado é mau,
ua? Nunca vimos uma vingança assim. É uma boa partida.” Outro, apoiando Avô
Enviado, disse: “tem razão. Mesmo eu faço a mesma coisa é minha; é do meu suor;
como é que um gajo qualquer, só porque meteu fardamento e tem arma, pode
tira-la de mim? Bom exemplo que ele nos deu.” Avô Enviado não foi com o grupo,
ficou, porque pensou que os soldados tinham tirado da mochila do Avô, os quilos
de sal e açúcar. Mas os militares não tinham mexido noutras sacolas, senão onde tinham tirado o óleo vegetal. Os
Kalekela já tinham ido com tudo e, com Menezes a frente chegaram no bairro do
Kahumbi. Avô Enviado dormiu na Sanga. Os militares não ficaram a gostar, quando
viram que Menezes Godinho tinha partido dali; porque tinham ouvido dele muita
mã notícia que vinha de Kibala. Ouviram que ele ia expiar a Base dos jemeias e
tinham lhe visto com o passe militar e o documento da desmobilização.
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