CAPÍTULO 3 A VOLTA AO
LIANGUILA.
“Ó pai! A partir desta vez, eu vou
viver e trabalhar aqui. E não é somente
nesse lugar; chegarei mesmo até lá em cima, nos confins do Ebo e noutro lado do
rio Jordão (Keve). Nisto, respondeu o Ouro “E vais deixar Kibala, o Centro dos teus
trabalhos?”
“- Por isso é que eu tenho de
deixar” −disse Ele – “O centro já é centro mesmo, e não precisa de mais ajuda.
E já tem os trabalhadores do Pai à frente, já tem a igreja formada. A Direção
Profética Mundial já está lá! Qual é mais trabalho? Só vou ainda trabalhar aqui
para ajuntar num só rebanho as outras ovelhas que não estão ainda no aprisco do
Bom Pastor”. João. 10-16.
O Pai Ouro disse outra vez: “Em Kibala, o Pai
Enviado já é conhecido; os seus programas estão apontados, porque é que o Pai
não termina os trabalhos lá onde começou? Para quê aqui?” Avô Enviado disse:
“Eu sei que aqui eles não conhecem
nem a mim nem o meu programa! Mas agora vamos nessa:
Onde foi achado o Nosso Tetra
Isaías, o de Verde? Não é num povo que não perguntava por Ele?
E o povo com qual Ele se habituou?
Não disse ele:” estava ali todos os dias a estender as minhas mãos à um povo
rebelde?” Isaías: 2-2. Romanos. 10-23.
De manhã muito cedo o Enviado
levantou-se da cama antes do pai Ouro acordar; Ouro dormiu muito tarde, às três
horas da madrugada, pois, antes não conseguia pegar no sono, porque pensava nas
palavras do Avô Enviado na noite anterior; e pensava mais nos nomes novos que
nunca ouvira antes, nomes como Tetra Isaías e homem de Verde; Ouro guardava tudo
isso no coração e prometeu perguntar um dia ao Avô Enviado. O Avô estava em
casa do jovem Almeida, secretário da classe e
corpo do avô Enoque. Ali, uma jovem chamada Delfina, irmã do Kimanga,o
dono da casa onde estavam os hospedes, o chamou e disse: “Quando é que o Mestre vai regressar?” O Avô
replicou:
“Quem é este Mestre?” ela
respondeu: “É a Pomba que dá paz em África! O Avô que eu falo és tu, ó Pai!”
Avô respondeu:
“Eu não sou Mestre nem Pomba da
paz, eu sou o Ninguém! Sou apenas um Enviado, um Servo!
“ Afinal? respondeu Delfina: “−Esse
Capulo é só para os que não te conhecem nem te vêm! S. João. 7-11.
A minha questão é só esta: quando
é que o Pai regressa ao Lianguila?” Avô respondeu: “−Regresso hoje.
Fina disse; “Segundo a tua promessa. Quando é
que viverás conosco aqui?” Avô respondeu: “Já estou convosco aqui.”
Fina respondeu: “Em Espírito,
estás sempre conosco; mas o Caixa, quando é que estará aqui?
Avô: −“Só habitarei convosco aqui quando vocês
ou um de vocês ser a minha mãe! Eu quero que o Mestre me diga: Menino! Eis ai a
tua mãe, já que eu não quero viver á custa da igreja!” S. João 19-27.
Fina: −Quem é o Mestre senão o Ham? (Bom e
Melhor)
O Avô Enviado saiu daí à correr, deixando a
Fina com a pergunta sem resposta e apressado, entrou em casa onde estava o
velho Barco Noé. Ali também estavam
algumas moças que queriam ver Avô. Ele porém, entrou tão depressa no quarto sem
dar palavras à ninguém. E as moças que estavam com os hóspedes eram. Florinda,
Henriqueta Luis Waika, Cecilia e Fina. Elas também não o chamaram, porque
tinham medo dele.
“ Já é tarde!” gritou Avô aos dois. “Já é hora terceira, vamo-nos
embora para Lianguila, terra da nossa banda!
“Ehé!” esclamaram elas em coro: −Mbepo Avô
Enviado emomó? Omané kuitima kuo a sepele anji, eye kia yosakala omo? Kusakale
Avô! Akui anji oñeyi yo apuile; tumana!” (O Avô Enviado afinal é assim? Nós os
seus filhos e filhas ainda não estamos satisfeitos e Ele já está apressado para
ir? Não apresses ó Avô; a nossa vontade de te ver ainda não terminou).
“Não, não.” exclamou Ele. “Kuelawa!” (Já é
tarde demais) Todos os que estavam presentes, sorriam admirados porque nunca,
nunca ouviram o Avô falar Kimbundo. O Avô Enviado saiu do quarto e foi para
árvore da casa do secretário, onde estavam o pai Ouro e o pai Noé, corpo do Rei
David.
Saíram da casa de visita com as
suas sacolas; preparando-se para viagem; Eduardo, Ouro, ao abrir sua mochila
para tirar seu casaco, os que estavam ali apreciando o Avô Enviado, diziam uns
aos outros: “ Keka! Mbepo yoyé muene sê kutuxikilako ngoho! A tu teyeleko anji
koteke!” isto é: Vejam só! Ele já vai, sem tocar só um pouco para nós? Que
experimente só para a gente ver! −Eles diziam isso porque viram na mochila do
pai Ouro, a Harmónica do Avô. Imediatamente, um jovem chamado Paulo foi à sua
casa; e no instante trouxe um rádio gravador e uma cassete áudio e deu-os ao
pai Ouro, dizendo: −“Eu não vos permitirei ir embora, sem que o Pai-nosso, o
Artista deixe três músicas nessa cassete, para recordar a voz do grande homem.”
Assim, a volta ao Lianguila estava impedida; também, a mocita Florinda trouxe
essa nova:
“O soba regente deste bairro pediu
para a visita não ir embora ainda.” Os hóspedes ficaram cheios de medo com essa
notícia; pensaram que vinham tropas no bairro, que impediam os viajantes. Mas o
que veio do seu desespero é outro; o próprio soba veio aos visitantes, não para
anunciar sobre impedimento na via, mas para dar graças a Deus por tudo de bom
que o Avô Enviado fez, durante a sua estadia no Condé centro.
O regente, ou soba, trouxe um galo
e deu o ao Kalekela. Estando ele de joelhos, disse:
“Nga sakilila,” (obrigado) Pai
Rei! Eu nunca dormi bem à vida toda! Mas com a tua presença, já sou livre,
porque estou de saúde e curado!”
Com o pedido do povo daquele bairro, Avô Enviado tocou as
três melhores musicas que alegraram os corações deles; todas as músicas eram
boas; mas eles preferiram mais o Muene ubana ó muenho (Ele te dá vida) e o toka
kia ku muenho (vinde já na vida). Avô Enviado, com estas musicas, foi visto e
consagrado como o melhor dos artistas do mundo. Não é porque Ele não tocava
antes; Ele é o artista dos artistas. Ele toca e canta; também faz artes
plásticas. Mas gravou a seu próprio disco para todos saberem dos seus trabalhos.
Depois disso, despediram-se deles, e foram em direção à Cassequel. Mas o povo
do Condé não gostou. Queria que eles dormissem outra vez, a fim de lhes dar um
kembo (regozijo) no serão. Os do bairro, da igreja como os do mussonguir metiam
a culpa aos dois mais velhos. Diziam: “Owo assakala mbepo! Tua mesene olio ngó
ozeka lingi. Ákulu ki andala uya, á liange! Exe só tu muxindila!” (Eles afinal
são os que apressaram! Se os velhos querem ir, que vão! Depois nós iremos com
Ele.) Mas o povo todo do bairro os acompanhou até ao campo. Ali havia no total
120 pessoas, isto é, homens e mulheres; afora as crianças. Desejando-lhes boa
viagem a Lianguila. Passaram a noite no Cassequel e na segunda-feira seguinte
vieram até ao Lianguila e contaram todas estas dicas à igreja.
O Avô Enviado Kalekela começou a
sua missão percorrendo toda a Kibala e arredores. Passando em bairros onde há
classes ou paróquias dos filhos do Yahweh. curando os doentes que Ele
encontrava e animava os que estavam tristes por causa da guerra que assolava a
sua terra.
Os bairros onde o Avô andava mais,
eram: Lianguila, seu lugar de residência, Cathamba, Quimone; Cabezo, Lunga,
Mungango, Humbué e Kahana, em cada classe o Avô Kalekela só fazia uma noite ou
mesmo um dia. Mas deixava todos animados, confortados e curados.